Quem acha que as memórias de um defunto não interessam a ninguém precisa conhecer Memórias póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis, 1881), livro em que um defunto narrada a quem interessar possa, as peripécias de sua vida. A obra, apreciada por críticos e leitores comuns, já foi adaptada para o cinema, mas foi na sua condição grafada que caiu nas graças de Woody Allen, um conhecido cineasta americano.
A pedido do jornal The Guardian, Allen lista cinco livros que tiveram impacto em sua carreira. A obra machadiana aparece ao lado de O apanhador no campo de centeio, de J. D. Salinger; da coletânea de textos de humor The world de S. J. Perelman; e das biografias Really the blues, de Mezz Mezzrow e Bernard Wolfe, e Elia Kazan, de Richard Schickel.
"É uma obra muito, muito original", afirmou o cineasta. Ele conta que ganhou o livro de presente de um brasileiro. "Eu recebi pelos correios. Alguém que eu não conhecia me mandou e escreveu 'Você vai gostar disso'. Eu li porque não era um livro grande. Se fosse maior, eu teria descartado. Mas fiquei chocado com como ele era charmoso e divertido. Não acreditava que ele tivesse vivido numa época tão distante. Você pensaria que foi escrito ontem. É tão moderno e prazeroso. É uma obra muito, muito original. O livro me despertou alguma coisa. Era um assunto de que eu gostava e que foi tratado com muita inteligência, uma originalidade tremenda e nenhum sentimentalismo", declarou.
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