17 de dezembro de 2013

O ser(tão) fica ver(dão)


" Melhor do que acordar durante a noite e ouvir a chuva caindo lá fora, é acordar e tomar café olhando para ela.  Neste meu sertão, cada gota de chuva é uma semente de esperança. É quando o marrom dá lugar ao verde; o calor cede espaço a brisa fresca; é quando a escassez vira fartura; e os olhos que tanto olham para o céu, começam a olhar para a terra, e fazer nela sulcos para depositar a semente; é quando as rachaduras, fendas ou, simplesmente, feridas abertas nos riachos, tanque e lagos cicatrizam; é quando o desejo de partir transforma-se em certeza de estar no lugar certo; é quando o povo se olha com sorriso em lugar de lágrimas. A chuva nos deixa em estado de graça.  O sertanejo entoa gritos de júbilo, agradece a Deus." Paula Ivony Laranjeira 


6 de novembro de 2013

Antônio Torres é favorito em disputa pela cadeira 23 na ABL


Há notícias que nos deixam felizes. Desde que conheci um pouco da obra e o próprio Torres ficava me perguntado o porquê de ele ainda não fazer parte dos imortais da ABL.   Mas hoje fiquei sabendo que o baiano Antônio Torres está concorrendo a cadeira de nº 23 da Academia Brasileira de Letras (ABL). 
A cadeira tem como patrono José de Alencar e já pertenceu a Machado de Assis, Jorge Amado, Zélia Gattai, entre outros. A eleição será amanhã 7 de novembro às 16 h. O baiano é tido como favorito, isso porque, segundo Aleilton Fonseca "a ideia dominante dos acadêmicos é que está na hora de eleger um ficcionista, o que ocorreu pela última vez há 10 anos, com a eleição do saudoso romancista gaúcho Moacyr Scliar, em julho de 2003". 

Vejam abaixo a notícia em O Globo.

 

10 de outubro de 2013

Dia das crianças com "Lá detrás daquela serra", do Marco Haurélio / Lançamento

A quadra abaixo é um a das joias  da tradição reunidas no livro Lá detrás daquela serra - quadras e cantigas populares. Com pequena variação, foi gravada por Jackson do Pandeiro, que também sabia "panhar" água na cacimba.

Quem quer bem dorme na rua,
na porta do seu amor.
Do sereno faz a cama,
das estrelas cobertor.

9 de outubro de 2013

Adelice Souza: "baú de estranhezas"




Reconhecida e prestigiada, a escritora baiana Adelice Souza, 38 anos, possui em sua bibliografia o romance: O homem que sabia a hora de morrer (Editora Escrituras),  os livros de contos As camas e os cães, de 2001 (Prêmio Copene de Literatura e Prêmio José Alejandro Cabassa/União Brasileira de Escritores - RJ); Caramujos zumbis, de 2003 (Prêmio Banco Capital, obra que, ainda este ano, será reeditada) e Para uma certa Nina, de 2009 (inaugurando o projeto Cartas Baianas). Adelice também se destacou como a única representante da Bahia na coletânea nacional de contos 30 mulheres que estão fazendo a nova literatura brasileira (2005), organizada pelo escritor e jornalista Luiz Ruffato.
  
Por: Poliana Dantas e Edvando Junior




 – Quem é Adelice Souza escritora?

Adelice Souza
 – É uma escritora que escreve muito menos do que gostaria, mas as atividades com o teatro, o yoga e o doutorado em artes cênicas têm tomado muito o tempo. Os livros estão sendo concebidos, são muitos projetos futuros, muitos desejos, mas escrever mesmo algo novo creio que só em 2015.

 – Como você consegue administrar sua carreira entre o teatro e a literatura?

Adelice
 – Não consigo administrar (risos)… Quando faço teatro, não faço literatura. Quando faço literatura, não faço teatro. Aí resolvi montar no teatro textos meus, assim, ao menos, a dramaturgia está lá, representando a literatura. Não consigo me dividir pois sou muito intensa nas coisas, faço imersões de tal forma que não consigo pensar em outra coisa a não ser na criação atual. Assim, tocar dois projetos ao mesmo tempo se torna difícil.

 – A literatura que você produz é definida por Carlos Ribeiro como um “Baú de Estranhezas”, ou seja, estranheza radical. Você acha que essa característica é pertinente a sua escrita?

Adelice
 – Gosto muito do escritor Carlos Ribeiro. A prosa dele é uma das nossas melhores prosas. E fiquei muito feliz com esta resenha da Iararana. E creio que há sim. Alguns temas estranhos me interessam em demasiado: o universo fabuloso, insólito e principalmente a morte, assuntos relacionados com a morte. Acho que sempre estou a escrever sobre a morte, este nosso mistério mais insondável de todos os mistérios…

– Quais são suas inspirações/influências no universo literário?

Adelice
 – Os absurdos e fantásticos como o Cortazar, o Murilo Rubião, o Kafka, o Campos de Carvalho. E a Nélida Piñon, com toda sua delicadeza e precisão linguística. Mas gosto dos canônicos que beiram a espiritualidade como o Herman Hesse, o Tagore, o pré-socrático Empédocles (aliás, todos os pré-socráticos são maravilhosos). E gosto muitíssimo de ler almanaques, livros sobre plantas e bichos.

– Conte-nos um pouco sobre sua carreira no teatro?

Adelice
 – O teatro é a minha primeira profissão. Embora eu tenha estudado Publicidade e Propaganda. Mas não sei vender nada. Meu teatro é quase anti-comercial. Tenho buscado o sagrado do palco, quero levar as técnicas e a natureza poética do Yoga para as artes cênicas. Acho que poucas pessoas se interessam por isso, mas é isso que sei fazer. Minhas últimas peças Jeremias, Profeta da Chuva;Francisco, um Sol; e Kali, Senhora da Dança, trazem temas sagrados, oriundos de diversas culturas religiosas como o Cristianismo, o universo das crenças sertanejas fruto de uma herança ibérica ou de um universo hindu. A próxima será sobre o grande filósofo e poeta Empédocles, que morreu, unindo-se ao seu Deus, o fogo do vulcão Etna. É isso que me encanta agora tanto na literatura quanto no teatro: estar perto de Deus.

– Em alguns contos que compõe as obras as Camas e os Cães (2001), Caramujus Zumbis (2003) e Para uma certa Nina (2009), percebe-se a presença de uma escrita envolvente, marcado por traços eróticos. De onde veio tanta inspiração para produzir esses contos?

Adelice
 – A Elis Franco e a Suelen Gonçalves, da Universidade de Feira de Santana e da Universidade de Niterói estudaram o erotismo nos meus contos e a Cássia Lopes, na orelha do primeiro livro, pontuou este assunto.

– Você considera o livro “O Homem que Sabia a Hora de Morrer” como um divisor de águas na sua carreira? Desde o lançamento o que mudou de lá para cá?

Adelice
 – Creio que é o meu livro mais importante. Ele é pueril, juvenil, simples. Mas me emociona sempre que leio, me arranca lágrimas e fico impressionada em gostar de ser leitora do meu próprio livro. Ele foi ofertado aos meus pais e meus avós. É um livro que fala de morte, de ancestralidade, das minhas origens de uma vida mais natural. Acredito que nada mudou de lá para cá e ao mesmo tempo, tudo mudou. É o meu primeiro romance, gosto dele, gosto da forma hibrida da linguagem que une cultura popular com a oralidade canônica de Homero. É uma parceria do teatro com a prosa e a literatura. Quero fazer isso sempre, porque gosto de transitar entre as diferentes artes. No lançamento, havia um trio nordestino e uma quermesse do interior na Biblioteca Central dos Barrís (2012). Nos outros lançamentos toquei sanfona em homenagem a São João do Carneirinho, tão citado no livro. Quero continuar fazendo isso, misturar a escrita com os santos, com as músicas, com as cenas.

– Como você analisa o panorama atual da literatura baiana?

Adelice
 – Há uma diversidade temática que me encanta muito. Há boa literatura para todos os gostos e idades. Desde uma prosa mais urbana de Victor Mascarenhas, passando pela delicadeza da poesia deKarina Rabinovitz até as metáforas perfeitas dos grandes Myriam Fraga, Ruy Espinheira Filho, ao teatro de Cleise Mendes, tantos, tantos outros. Gosto do que estamos produzindo. Sou fã da nossa literatura e fico feliz em ser amiga da maioria destes escritores contemporâneos meus.

– Fale-nos sobre a emoção de estar concorrendo ao Prêmio Jabuti 2013 na categoria Juvenil?

Adelice
 – Uma glória íntima, uma felicidade, um agradecimento aos deuses. Quero que este bichinho em forma de prêmio venha morar na minha casinha que tem o nome de Fuloresta Encantada. Fico feliz que a Bahia esteja lá, também, através de mim e do teatro de Aldri Anunciação com o Lázaro Ramos, com o Fernando Santana, estes dois últimos meus colegas no Liceu de Artes e Ofícios. A indicação é uma honra que me deixa muito feliz e agradecida a tudo e todos que ajudaram na feitura do livro “O Homem que Sabia a Hora de Morrer”. Aos meus avós, meus pais, meus mestres, meus amigos, meus companheiros e os escritores desta terrinha. Ao Affonso Romano de Santana, que me deu o presente de fazer a apresentação do livro. Ao Rogério Duarte, meu professor de sânscrito, que teve uma leitura atenta e carinhosa. Ao Claudius Portugal, tão presente sempre nas minhas andanças nas letras.


– Você está sempre participando de eventos como: oficinas, cafés, palestras, apresentações teatrais, feiras literárias, etc. Por estar sempre envolvida com teatro e literatura, existe algum projeto ou algo que gostaria de fazer nessas áreas, mas que ainda não pôs em prática?

Adelice
 – Deixe-me pensar: gostaria de tanta coisa. De ver os escritores atuando, por exemplo. De fazer um projeto onde os autores iriam subir no palco, com figurinos, luz, cenários. Isso seria bom e divertido. Mas eu não queria dirigir este projeto, não. Queria estar lá no palco, brincando de palavras com os colegas. Já fiz isso com Karina Rabinovitz no MAM. Toquei sanfona enquanto ela declamava poemas.Quero fazer isto mais vezes. Cantar, dançar e tocar a literatura. A literatura, para mim, tem que ser uma forma de felicidade.



16 de julho de 2013

Seminários Arte e Pensamento - Transformações da Cultura no Século XXI

Academia de Letras da Bahia inicia neste mês de julho encontros intitulados Seminários Arte e Pensamento - Transformações da Cultura no Século XXI, alternando mensalmente mesas-redondas e conferências, com entrada franca.
 
 

4 de junho de 2013

Convite para inauguração da Cátedra Fidelino de Figueiredo


Com Coordenação e organização da Profª Drª. Rita Aparecida Santos.




 Fui aluna da professora Rita, por quem nutro grande admiração e respeito, especialmente por seu conhecimento, generosidade e humildade. A ela agradeço por despertar em mim a paixão pela literatura.

20 de maio de 2013

Projeto "Vozes femininas: novos ecos tecidos no sertão"

O projeto "Vozes femininas: novos ecos tecidos no sertão" foi realizado em Riacho de Santana-BA.O projeto  foi selecionado e financiado pela Funarte e pelo MinC através do edital "Mais cultura: microprojetos da Bacia do Rio São Francisco".
Este trabalho objetiva dar voz as mulheres, inserindo-a no espaço da produção literária de autoria feminina, ressignificando, assim, o olhar sobre o modo de vida do sujeito sertanejo, mais precisamente a mulher sertaneja
Em sua primeira etapa ofereceu no dia 12/12/12 uma oficina literária com enfoque em cordel para mulheres com idade entre 17 e 29 anos. Após a oficina, acontece a segunda etapa: pesquisaram e escreveram um texto em cordel que logo comporá uma coletãnea e será publicado.
A oficina foi ministrada por MARCO HAURÉLIO, cordelista, poeta, contista, editor e pesquisador da literatura e cultura popular. E a curadoria do projeto é desta blogueira aqui, que vem partilhar com vocês, alguns momentos da oficina.

 ABERTURA
 RERPENTE E CAFÉ DA MANHÃ SERTANEJO
 OFICINA
 VÁRIOS MOMENTOS
 VÁRIOS MOMENTOS
 ENCERRAMENTO
REALIZAÇÃO:








19 de abril de 2013

LANÇAMENTO/ Literatura de Cordel: do sertão à sala de aula

"Literatura de Cordel: do sertão à sala de aula" (Paulus). Eis a sinopse:
A literatura de cordel brasileira teve o Nordeste como berço e o poeta paraibano Leandro Gomes de Barros como grande divulgador. A vasta literatura oral da região forneceu os temas principais, especialmente os contos tradicionais, mas isso ainda diz pouco desse gênero literário que, durante muito tempo, foi o principal, quando não era o único, divertimento do homem do campo. Era também o jornal e a cartilha do sertanejo. Declamados ou cantados, os cordéis levaram a um público ávido por novidades as façanhas dos cangaceiros Lampião e Antônio Silvino, os milagres do Padre Cícero e os livros do povo, que desembocaram aqui trazidos pelo colono português. Levado pelo migrante a outras paragens, ganhou o Brasil e, superando as crises, como literatura de resistência, soube dialogar com as mudanças econômicas e sociais, num processo de adaptação fundamental à sua sobrevivência: do sertão à sala de aula, do Nordeste para o Brasil.

 





10 de fevereiro de 2013

O sujeito


Por: Paula Ivony Laranjeira



O sujeito? Quem é mesmo esse que vive à procura de um predicado? O da gramática? O da História? O do mundo? O cognoscente? Ou o do conhecimento?
Eis a reflexão mais complicada para ser feita, levando em conta o universo das mulheres que me cercam. Minha avó, foi uma mulher sem vontades, sem liberdade, sem autonomia e dependente. Ela foi criada para se assujeitar ao pai e depois ao marido, e assim foi durante toda sua vida. Não escolheu seu marido. Casada, não tinha vontades, não tomava decisões, exceto a de doar e/ou dividir aquilo que tinha com quem precisava. Seu lugar era a casa. Apenas na cozinha exercia seu poder, mesmo assim, compreendo que coagida, pois estava sempre fazendo os desejos culinários do meu avô. Não é sem dor que relato que o primeiro ato independente da minha avó, não teve final feliz. E ela só voltou a ter vontades na caduquice. Tive uma santa avozinha, mas infelizmente ela nunca pode se sujeito da própria vida, não agiu sobre a realidade, foi levada pela vontade alheia. E toda vida assujeiada.
Minha mãe aprendeu cedo que não tinha vontade. Por isso, mesmo gostado de estudar, teve que se contentar com, apenas, um mês de aula com um professor particular. Segundo meu avô, era preciso aprender assinar apenas o nome. Mas ela aprendeu bem mais. Ela aprendeu com minha avó a respeitar a autoridade do marido, mas depois de casada sempre soube fazer o marido realizar seus desejos. Em casa, mandava em tudo, mas deixava a palavra final para meu pai, que inconscientemente agia conforme o gosto dela. Ela só não mandava no dinheiro, mas buscando autonomia, vendia ovos e galinhas, e assim conquistava sua independência financeira. Foi com tais vendas, que comprou livros para os filhos, roupas, objetos domésticos e muito mais. Opinava em todas as grandes decisões do meu pai. Hoje, ela manda em tudo, até no meu pai, controla o dinheiro, as compras, decide se vai para a direita ou para a esquerda, mas ainda o faz pensar que a decisão de muitas coisas é dele, fingindo ser assujeitada em certos momentos. Minha mãe conseguiu uma liberdade que minha avó não imaginou para uma mulher, e dessa forma agiu sobre a realidade, modificando-a.
Minha irmã também aprendeu com minha mãe que é preciso agir por vontade própria. Desde criança manifestava suas vontades. Estudou, pois minha mãe queria dar aos filhos o que ela não teve. Depois de completar os estudos, foi morar em outra cidade para trabalhar. Sem ninguém que a policiasse, ela tomou as rédeas da vida, exerceu sua liberdade como ninguém: enfrentou a sociedade que a censurou quando decidiu criar um filho sem pai, pegou para si a responsabilidade de cuidar da irmã “doente”, e por tal foi aclamada pela sociedade, lutou para realizar um trabalho de evangelização voluntário na comunidade, sendo muitas vezes, repudiada pelas carolas. De uma forma geral, não ficou de braços cruzados, sempre realiza o que deseja e por tal, está sempre indo à luta, agindo e modificando a realidade que a cerca. Deixa-me feliz saber que ela não abaixou a cabeça nem precisou vender seu “passe-livre”, assumiu o risco e na maioria das vezes, saiu ganhando.
Durante boa parte da minha vida, o sujeito foi oculto. Fui a coitadinha, a doentinha, a inválida, a boneca de cristal que nada poderia fazer... nem sonhar... O primeiro sujeito que conheci foi o da gramática, algo meio indeterminado, sem perspectivas. Me lancei de cabeça,  rumo ao desconhecido, enfrentado dificuldades, olhares coisificantes, venci meus medos, e descobri um sujeito bem composto. Eram tantas partes e direções, acenos e empurrões, freios abruptos vez ou outra. Era um mundo que entrava pela janela, pelas páginas, pela tela, pelas vozes narradoras de outros sujeitos. Um dia, cansada de ser um sujeito paciente, fui tomada pela fúria da vida, conheci o sujeito histórico e tornei-me um sujeito agente, meio James Bond. Encarei o perigo, refleti e agi sobre minha realidade, ditei novas regras, queimei as antigas, reescrevi minha história. No entanto, não me acho incomum, cada dia mais compreendo que sou apenas um sujeito simples, mais um que perambula pela gramática à procura de um predicado, gozando meu direito de ir e vir, pois “Todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser”[1]. Meu sujeito anda de cadeira de rodas, mora no sertão, é pobre, tem curso superior, e ainda faz parte da elite intelectual desse país, segundo as estatísticas (Só porque tem curso superior...faz-me rir).
A partir desse olhar sobre quatro sujeitos, muitas vezes assujeitados é possível pensar o que é o sujeito, esse espírito que habita cada vez mais gente, gente essa que, muitas vezes, não se dá conta do novo morador. Para que alguém seja considerado um sujeito de fato, é preciso ser portador de consciência, conhecimento, força e coragem, pois só assim será possível agir sobre a realidade, enfrentar os desafios, apreciar as bênçãos cotidianas, enfim, sentir-se “gente” de ação e reflexão, e não mais uma rês criada para o abate.
Em uma observação geral, foi possível pensar três categorias distintas e interdependentes: o mundo, o conhecimento e o sujeito. Observá-las separadamente me fez refletir sobre questões importantes para minha vida: como percebo o espaço que ocupo? Como transformo a imagem que adentram minha retina em saberes? Qual o meu papel nesse espaço? O que de fato é produção-ação-refleção minha e o que me é imputado pela sociedade? Não é nada fácil pensar separadamente algo que está totalmente imbricado, pois há uma relação mútua de interdependência dos três conceitos. Assim, minha ação/reflexão sobre o mundo e o conhecimento precisa ser realizada não apenas de forma inteligível, mas especialmente, carregada de emoções, a fim de que haja uma harmonia entre mundo, sujeito e conhecimento tal qual a observada nas experiências das quatro personagens apresentadas nesse texto.
Levar em conta a visão de outros sujeitos é exercer o principio da alteridade, e respeitar a relatividade das coisas. E ao se fazer isso, é possível aproximar-se mais do objeto de estudo, visto que somos o resultado de várias partes, com cargas e compostos diferenciados. Pelo que acima foi exposto, espera-se ter respondido as questões propostas dentro de uma coerência inteligível e sensível.


[1] Sintaxe à vontade, de O teatro mágico. Cd Entrada para raros. 2003.


Os textos "O mundo", "O conhecimento" e "O sujeito" compõem um único texto, e foi dividido em partes para favorer a leitura.